Pela primeira vez em muitos anos no nosso Benfica este tema está em cima da mesa: qual será o melhor sistema táctico para esta época? O habitual e muito vencedor 4-1-3-2 ou o recentemente utilizado 4-3-3?
Sendo um tópico muito interessante, não é este o principal quando se aborda o futebol praticado por uma equipa. Aliás, os treinadores não se cansam de repeti-lo, "mais importante que o sistema é o modelo de jogo." Ou seja, a definição do comportamento da equipa nos diversos momentos do jogo (organização defensiva, organização ofensiva, transição defesa/ataque, transição ataque/defesa e também as bolas paradas) sobrepõe-se à questão do sistema táctico a utilizar. Assim, é mais importante definir, entre outras coisas, se uma equipa constrói preferencialmente os seus ataques a partir de trás ou se joga directo na frente em busca da segunda bola. Se faz pressão alta e procura recuperar a bola no terço ofensivo ou se pratica a "andebolização" do futebol, recuando as suas linhas até ao terço defensivo. Estes e outros aspectos são mais determinantes na forma de jogar das equipas do que propriamente o sistema. De resto, diferentes sistemas podem ser utilizados num pré-determinado modelo de jogo.
Mas a questão premente agora é mesmo o sistema. Pelo menos desde 2009/2010 (o Quique jogava num 4-2-4 muito manhoso) que nos habituámos a jogar e ganhar com dois avançados-centro e dois médios-centro. Ganhámos cinco dos oito campeonatos a jogar assim. Os pontos acumulados na Europa permitiram-nos marcar presença regular no top 10 do ranking da UEFA, em duas finais da Liga Europa, uma meia-final (ninguém se lembra desta!) e em dois quartos-de final da Liga dos Campeões.
Existe a ideia, creio que maioritariamente aceite, que o 4-4-2 nos torna mais fortes ofensivamente, pela presença de dois homens na área, mas porventura mais débeis defensivamente, pois os dois médios debatem-se na maior parte das vezes com três adversários na zona central. Mas não tem de ser necessariamente assim, tudo depende das dinâmicas e da entre-ajuda de todos os elementos.
O sistema ideal para o Jonas. |
Relativamente ao 4-3-3, é comum ouvirmos que garante mais equilíbrio defensivo, mas torna-se mais fácil de anular ofensivamente. E no entanto, lá está, não tem de ser necessariamente assim, tudo depende das dinâmicas e da entre-ajuda de todos os elementos.
O sistema ideal para o Krovi? |
Depois, há a questão dos treinadores, que se dividem em duas doutrinas. Eu diria, o "treinador do sistema" e o "treinador dos jogadores". O primeiro molda, adapta, força, compra os jogadores para encaixar no SEU sistema. O segundo parte das características dos melhores jogadores para escolher o melhor sistema. E há os híbridos, claro. Por exemplo, facilmente identifico uma equipa a jogar à Guardiola, mas tenho mais dificuldade em identificar uma equipa a jogar à Mourinho (a não ser pelo pragmatismo). E o nosso mister? Terá ele uma ideia fixa sobre o sistema a utilizar? Creio que não. Creio que será mais treinador para adaptar o sistema aos melhores jogadores.
É aqui que entra o busílis da questão! E agora não me resta outra solução senão partir de alguns postulados. Aceitemos que o Jonas (já provado) e o Krovinovic (ainda por provar, mas tenho forte convicção) são os melhores jogadores do nosso plantel. Aceitemos também que o sistema que mais favorece o Jonas, ou seja, que nos permite tirar mais rendimento das suas qualidades, é o nosso tradicional 4-1-3-2, jogando o Pistolas atrás do 9. Então precisamos que o Krovi consiga ser o 8 num meio-campo a dois. Terá ele essa capacidade? É que é muito diferente do que ser um de três.
Ideal para o Jonas, nem tanto para o Krovi? |
Por outro lado, se quisermos construir a equipa a partir do Krovi, dando-lhe o conforto necessário para ele fazer aquilo que faz melhor, i.e., ligar todas as peças do xadrez (vide segundo golo com o Vit.Setúbal desde o início da jogada, em que ele troca a bola com sete colegas antes de finalizar), construir sem ter uma tremenda preocupação em defender, e ainda aparecer em zonas de finalização, então o sistema mais indicado será com três médios. O que implica deixarmos o Jonas "sozinho" na frente, com enorme desgaste e uma área imensa para percorrer. Sim, pode funcionar, mas acho que só em jogos em que tivermos muita posse de bola e passarmos muito tempo no meio-campo adversário.
Ideal para o Krovi, difícil para o Jonas |
#Bom-senso mode off (saravá Bragatti!)
Dá vontade de jogar com 12, não é? Podíamos aproveitar agora, que o clima é de paz e concórdia, para colocar essa petição à Liga.
#Bom-senso mode on
Há uma solução aritmética que permite jogar com estes dois craques na sua praia, o 3-5-2. Mas os custos de adaptação de toda a equipa a esse sistema parecem-me incomportáveis no contexto actual.
Resumindo e baralhando, temos aqui um belo dilema para apreciar e discutir. Ou então, diferentes soluções para diferentes problemas!
Acho que só treinadores como Guardiola e Mourinho podem se dar ao luxo de contratar quem quiserem para o seu sistema. O Guardiola acaba de renovar quase por completo o Manchester City. Se não me engano apenas Fernandinho, Aguero, Kompany e Yayá (estes dois últimos nem são titulares) já estavam no clube quando ele chegou. No caso do Rui Vitória, ele tem mesmo de escolher o sistema pelos jogadores que encontrou no plantel (Jonas, Pizzi, Salvio, Fejsa...). E a meu ver o problema todo neste ano é o Pizzi que ainda não voltou das férias. Já imaginaste se tivéssemos o nosso melhor Pizzi para jogar junto com o Krovinovic? Seria um meio campo muito criativo e dava para variar o 4-4-2 com o 4-3-3, pois o Pizzi podia fazer também de extremo. Sem Pizzi, talvez a tua ideia de jogar com 12... kkkkkk! Que sistema escolher? O que favoreça o Jonas ou o Krovinovic? Acho melhor um que favoreça o Jonas porque ele é o craque da equipa e o único que marca golos. Já agora, qual o melhor avançado para jogar ao lado do Jonas? O Jiménez ou o Seferovic?
ResponderEliminarIdealmente teremos ambos os sistemas bem trabalhados e poderemos utilizar um ou outro conforme o plano de jogo e o adversário. Por ex com o Setúbal jogaria com Fejsa e Krovi no meio, Jonas e Seferovic na frente.
ResponderEliminarQue assim seja! E que venha uma vitória contra o Setúbal para ficarmos só a 3 pontos do Porto. Depois então pensaremos no melhor esquema para ganhar lá no Dragão.
ResponderEliminarSaudações Benfiquistas!
Uma vez que nao possuimos avançados fixos como Oscar Cardozo, que tal um falso 4-4-2 que se desdobrava em 4-3-3 com um avançado mais inclinado para uma das alas.
ResponderEliminarA.Almeida__Luisao_Jardel__Grimaldo
_____________Fejsa
__________________Pizzi
_________Krovinovic
Salvio________________Jimenez
______________Jonas
Jimenez inclinado numa ala onde flectia para o centro de ataque assim que Jonas recuasse no campo para procurar bola e criar espaço para o mexicano. Pizzi descaia pra a ala dando apoio, equilibro e compensar o lado esquerdo com Grimaldo a ser ala puro.
Krovinovic a tabelar com Jonas Salvio Pizzi e Jimenez...
Também acho que pode ser uma boa opção, Jorge. Uma espécie de sistema híbrido jogando com a polivalência do Pizzi e de um avançado, neste caso o Raúl. Até já fizemos isso esta época, com o Braga na Taça da Liga (1-1). Nesse jogo foi o Gabriel que jogou pela direita como falso extremo e o Raúl a 9. Acho que também o Seferovic pode fazer esse papel partindo de uma ala para o centro.
EliminarA vantagem é que dificulta a marcação adversária, criando a dúvida entre o lateral e o central. A dúvida/desvantagem é até que ponto esse falso extremo/falso avançado terá disponibilidade ou cultura táctica para defender, acompanhando o lateral contrário nas suas subidas.
Bem trabalhado, a forma como conseguiste apresentar o esquema recorrendo aos traços underscore! :)
Obrigado ;) pois foi a unica maneira que conseguia expor a minha ideia tactica de posicionamento usando os underscore.
EliminarPois realmente o Jimenez teria de fazer a primeira pressao sobre o lateral contrario e Pizzi logo a tras como segundo obstáculo para evitar a progressão do lateral bem como evitar alguma combinação entre este com outro colega.
A.Almeida__Luisao_Jardel__Grimaldo
_____________Fejsa
_________Krovinovic_____Pizzi
Salvio
___________________Jimenez
___________Jonas
Acho que a defender o Jiménez não teria dificuldade. Ele é daqueles jogadores que deixa a pele em campo. E talvez fosse mesmo esse o lugar dele, descaído para o lado esquerdo, porque mesmo quando é ponta-de-lança ele até exagera um pouco saído da área.
EliminarA meu ver, quem se encaixaria como uma luva nesse esquema de falso 4-4-2 que vira 4-3-3 seria o Gabriel "Gabigol", pois ele tem uma vantagem que é a facilidade para fazer golos. Mas este, parece que já foi. Não se adaptou ou sei lá o que aconteceu. Eu também acredito que o Diogo Gonçalves pode fazer muito bem esse papel no futuro, pois ele ainda está naquela fase de crescimento, como aconteceu com o Gonçalo Guedes também.
Em relação ao Raúl, energia não lhe falta. A questão é "lembrar-se" que tinha de acompanhar o lateral contrário quando este subisse até à nossa área. Ou então, só teria de o acompanhar até certa altura e depois passava a ser responsabilidade do médio interior esquerdo, neste caso o Pizzi, como sugere o Jorge no comentário acima. Mas estas compensações teriam de estar muito bem trabalhadas.
ResponderEliminarPois o Gabriel já é carta fora do baralho. O Diogo e também o Rafa, sendo destros, podem muito bem fazer isso.
Sim. E também acredito que o Rafa ainda não é carta fora do baralho.
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