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Se todas as batalhas da

"SE TODAS AS BATALHAS DA HUMANIDADE SE TRAVASSEM APENAS NOS CAMPOS DE FUTEBOL, QUÃO BELAS SERIAM AS GUERRAS!" (Augusto Branco)

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

TEMPO DE BALANÇO


Aquando do fecho do mercado de Verão partilhei aqui as questões que me apoquentavam no plantel do Benfica. Mercado fechado, questões em aberto. Agora temos o mercado de novo aberto e a oportunidade de fechar algumas questões. Dizia eu então que era fundamental que a resposta às seguintes perguntas fosse afirmativa:

1) Será o Svilar, apesar dos seus dezoito aninhos, um prodígio das balizas?

2) Será o Douglas um lateral competente a defender e diferenciado a atacar?

3) Teremos em Kalaica ou Rúben Dias centrais já capazes de nos dar a segurança necessária na ausência do Jardel ou do Luisão?

4) E a mais importante de todas: será o departamento médico, juntamente com a equipa técnica, capaz de diminuir a ocorrência e duração de tantas lesões? 

Pois bem, faltam apenas duas jornadas para o fecho da primeira volta e estamos a poucos dias da reabertura do mercado. É o momento certo para retomarmos estas questões e vermos que respostas foram dadas até agora.

1) Será o Svilar, apesar dos seus dezoito aninhos, um prodígio das balizas?
Talvez sim. O jovem belga já revelou características que podem fazer dele um guarda-redes de excepção. No entanto, acabou por ser lançado cedo demais e acusou a responsabilidade. Cometeu erros que lhe retiraram confiança. É vítima daquele que foi, na minha opinião, o erro capital na planificação desta época: a ausência de um GR de enorme qualidade, capaz de assumir a baliza do Tetracampeão sem vacilar. Na sua sombra, o Svilar podia crescer tranquilamente e depois aparecer em todo o seu esplendor. Por agora, a titularidade terá sido conquistada pelo Varela que, apesar de evidenciar alguns progressos, não mostra o perfil adequado para uma equipa de topo, nomeadamente o controlo da profundidade. Caso o Vlachodimos seja de facto o keeper de que necessitamos, tem de vir já no início de Janeiro.

2) Será o Douglas um lateral competente a defender e diferenciado a atacar?
A atacar sim. A defender mete dó! Depois de se perceber que o Pedro Pereira (contratado em Janeiro) não cumpria os requisitos, tivemos tempo mais do que suficiente para encontrar uma alternativa viável ao André Almeida. Acabámos por enfiar este barrete, à pressa. Ao que parece o Barcelona não aceita devoluções, mas temos mesmo de contratar outro LD. Por muito bem que ele esteja a jogar, e está, seria muito arriscado fazermos toda a segunda volta só com o André Almeida.

3) Teremos em Kalaica ou Rúben Dias centrais já capazes de nos dar a segurança necessária na ausência do Jardel ou do Luisão?
Felizmente, sim! O Rúben apareceu a alto nível e já é (creio que unanimemente) considerado o nosso melhor central. Com Jardel recuperado e o Capitão ao seu nível habitual, e realizando apenas um jogo por semana, não me parece que seja necessário reforçarmos esta posição em Janeiro. 

4) E a mais importante de todas: será o departamento médico, juntamente com a equipa técnica, capaz de diminuir a ocorrência e duração de tantas lesões? 
Aparentemente, sim (bate na madeira). Comparativamente com a época anterior, até agora não temos sido castigados por grandes lesões ou ocorrências fora do normal. Que se mantenha a tendência!

Em relação às restantes posições, continuo a achar que estamos muito bem servidos e será apenas uma questão de afinar o novo sistema táctico, para além das questões mentais de que temos falado. Com excepção do Krovinovic (provavelmente o melhor jogador do plantel, a par do Jonas), todos os lugares são preenchidos por Campeões, Bicampeões, Tricampeões e Tetracampeões. 

Em resumo, apenas duas das quatro questões que considero cruciais tiveram resposta positiva nesta primeira fase. Tivemos por isso um Benfica a iniciar a época com o pé torcido e pagámos bem caro, nomeadamente nas provas mais curtas e a eliminar. Na Liga dos Campeões fomos eliminados com estrondo. Na Taça da Liga não estivemos ao nível habitual. Na Taça de Portugal considero que tivemos azar e fomos eliminados num jogo em que jogámos melhor. Resta-nos o principal, a luta pelo Pentacampeonato. Aqui, apesar da magnífica campanha das duas super-equipas aclamadas pela crítica, estamos a um passo apenas da liderança. E se conseguirmos acertar o nosso passo, vamos mostrar que temos mais pedalada que eles! 


A estratégia de médio e de curto prazo. 
Percebo que a estratégia para este ano tenha passado por capitalizar o clube para o novo ciclo, cada vez mais assente na formação. A prioridade não terá sido o reforço imediato do plantel. Batemos o recorde de receitas (253M€), batemos o recorde de lucros (44M€) e batemos o recorde de saldo de transferências (120M€). 

Mais do que abater "drasticamente" o passivo (como pedem tantos, sem pensar no que isso implicaria), boa parte deste dinheiro servirá para aumentar a nossa capacidade de reter os maiores talentos formados no Seixal, por via do aumento dos seus ordenados. Em vez de ficarem connosco apenas uma ou duas épocas, como tem acontecido até agora, passarão a ficar três ou quatro. Quando assim for (a partir de 2020/2021), estaremos preparados para almejar objectivos ainda mais ambiciosos. (First we take Portugal, then we take Europe!)

Neste pressuposto, entendo que a Direcção tenha optado por fazer desta época que sucede a conquista do Inédito Tetra, a época de transição. Pessoalmente, gostava mais que este passo fosse dado só depois de garantido o Absolutamente Inédito Hexa, mas pode ser que ainda se consiga o melhor de dois mundos!

Entretanto, jogamos amanhã a última partida de 2017 que, lamentavelmente, servirá apenas para recuperar o ritmo de jogo antes do derby. Não sei se volto aqui este ano, pelo que aproveito para desejar a todos os leitores e amigos um excelente Ano Novo com muita Saúde e Alegria! E com muitas vitórias do nosso BENFICA!






quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

MAIS UM SOLUÇO



Parecia que íamos dar mais um passo no rumo certo, a avaliar pela bela jogada que deu golo logo no primeiro minuto, mas não! Ainda não foi desta que conseguimos engrenar uma série de vitórias consecutivas. Os motores ainda só rugem baixinho... e com soluços. No campeonato vencemos cinco dos últimos seis jogos, mas quando se metem outras competições pelo meio derrapamos inexplicavelmente.

Sinceramente, não consigo perceber! Não concordo nada com a teoria de que nos falta qualidade no plantel. Ok, na baliza não estou assim tão descansado. O Varela tem limitações e o Svilar, apesar do potencial, tem acusado a responsabilidade e mostra-se inseguro. Mas para as outras posições temos elementos com provas dadas e alternativas à altura. Falta apenas um segundo lateral-direito para concorrer com o André Almeida, que, diga-se de passagem, tem estado muito bem nos últimos jogos. O eixo da defesa, a outra posição desguarnecida no mercado de Verão, está assegurado pelo essencial Luisão, pelo revigorado Jardel e pelo excelente Rúben Dias. A partir daqui estamos a falar de Campeões, Bicampeões, Tricampeões e Tetracampeões. Não, não é por falta de qualidade.

Uma equipa sem qualidade não conseguiria fazer os bons (por vezes excelentes) jogos que já fizemos esta época. Mais do que um problema de falta de qualidade, o que nos tem prejudicado é a falta de regularidade, a inconstância nas exibições. Algo está a obstruir o desempenho regular da equipa. Esta primeira metade da época tem-nos mostrado um Benfica aos soluços, incapaz de atingir a sua velocidade cruzeiro. É urgente que o mister Rui Vitória identifique e elimine as causas destes soluços. E aquelas substituições ontem, ó mister!?

Ontem assistimos à repetição do triste filme que nos tem assombrado esta época. Início fulgurante, vantagem madrugadora e consequente apagão geral da equipa!
Marcamos um golo e baixamos os níveis de intensidade. Damos bola e espaço ao adversário. Concedemos oportunidades de golo. Aumenta a insegurança. Os erros não-forçados sucedem-se. E desbaratamos a vantagem. Na fase em que estamos, nem com uma vantagem de dois golos podemos descansar. Temos de continuar a carregar até chegar ao terceiro. Aí chegados, sim, que se entre em gestão do jogo e do resultado.

Já não dependemos de nós na Taça da Liga. Uma vitória do Setúbal amanhã deixa-nos fora da competição. Uma vitória do Braga quase arruma a questão. Resta-nos torcer pelo empate e ver se conseguimos terminar o ano com uma vitória folgada no Bonfim. A ver vamos.

Em relação ao campeonato, a conversa é outra. Está perfeitamente ao nosso alcance e não são os três pontos de atraso que me assustam. O que me preocupa é a maldita irregularidade que não nos larga. Mantenho a ideia de que os adversários já atingiram o seu patamar máximo e nós ainda temos margem de progressão. Caso se confirmem as perspectivas mais optimistas, apresentadas nos jogos com o Rio Ave e com o Tondela, teremos todas as condições para terminarmos como de costume. Em primeiro!



                             Ficha do jogo (aqui)


segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

RUGEM BAIXINHO OS MOTORES




Confirma-se a evolução do processo no novo sistema táctico! O jogo de Vila do Conde, malgrado o resultado, já dera indicações nesse sentido. Ontem, é verdade que perante uma equipa de calibre inferior ao Rio Ave, pudemos assistir às virtudes deste 4-3-3 em todo o seu esplendor. Mobilidade permanente dos sete elementos participantes no processo ofensivo, com inclusão dos laterais. Circulação da bola a toda a largura e profundidade. Muita gente a aparecer em zonas de finalização. Excelente reacção à perda e rápida reciclagem dos ataques. Muitos e belos golos! O terceiro então, meus senhores, é do melhor a que podemos assistir neste magnífico desporto. Toda a jogada é uma demonstração do mais puro footbal association e aquela finalização até parecia futsal: o Salvio Ricardinho pica a bola por cima de um adversário e o Pizzi Ricardinho enche o pé e nem a deixa bater. Golão!!




Os maestros Pizzi e Krovinovic empunharam as batutas e leram a partitura. Os restantes elementos dançaram ao tom...dela.

                                    A vantagem de termos dois distribuidores 
                                    e a mobilidade do Jonas:
                                   No papel parece confuso, não é? 
                                   No campo ainda confunde mais quem os tenta parar.


E numa força invencível o carrossel benfiquista engoliu os beirões. 
Há muito que esperávamos o renascer dos campeões. 

O passado foi lá atrás
A mudança para o 4-3-3 é uma escolha que se faz
Ontem percebemos do que esta equipa é capaz.

Rugem baixinho os motores
Será desta que descolam, os nossos jogadores?
E nasce de novo o dia nesta nave benfiquista. 
Um pouco de fé e vamos à conquista!


Os Xutos não me levarão a mal esta reles adaptação de um dos seus maiores hits. Já agora, ouçamos a versão original.




                            Olha quem voltou!, diz o Jonas. 
                            E que venha para ficar, digo eu!



                            Fortíssimo, o Salvio!


                            Ficha do jogo (aqui)

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

TAÇA AMARGA


É fácil pegar no resultado e lançar mais um chorrilho de críticas ao treinador e aos jogadores. Fácil e injusto. O que aconteceu em Vila do Conde foi... Futebol. Um jogo com muita intensidade e muita emoção, com ambas as equipas a demonstrarem grande atitude e ambição e a tentarem impor o seu futebol. O Benfica mais forte a pressionar e a atacar, a criar mais e melhores oportunidades, a cometer alguns erros e a ser castigado por vários azares. Num contexto mais favorável, com uma série de vitórias consecutivas e bons desempenhos em todas as competições, teríamos maior capacidade de encaixe para aceitar esta derrota e perceber que foi isso que aconteceu. Uma derrota perante uma boa equipa numa partida em que jogámos melhor mas não tivemos a sorte do jogo.

Significa isto que fizemos tudo bem e não há nada a melhorar? Claro que não! Cometemos erros a defender e não fomos suficientemente eficazes na finalização. Por seu turno, o Rio Ave comprovou que é uma das equipas que melhor futebol pratica em Portugal, foi fiel aos seus princípios, foi eficaz e teve sorte.

Fizemos uma excelente primeira parte. Pressão alta com muitas recuperações de bola no último terço, boas combinações ofensivas com trocas de posição entre os jogadores da frente, muitas finalizações e várias oportunidades de golo. Infelizmente, marcámos apenas um. Devia ter valido por dois, pois foi mais um golão do Jonas, mas só contou um. 

Logo no início da segunda parte, o primeiro azar. O Cervi, que até estava a ter um bom desempenho, intercepta um passe longo, procura sair a jogar mas troca os pés e escorrega. Mérito para o Rio Ave no aproveitamento do lance para fazer o empate. Continuámos a pressionar alto e a criar situações de algum perigo, mas o Rio Ave persistiu no seu modelo de construção desde trás e conseguiu sair mais vezes do que na primeira parte. Aos 62', um grande golo do Rúben Ribeiro a rematar em arco entre quatro opositores. Um lance ao nível dos melhores executantes. Continuámos a atacar, mas com menos discernimento. Aos 83', o penalti batido pelo Jonas, com força mas muito ao centro da baliza, é defendido pelo Cássio. Agora é fácil falar, mas com o Raúl em campo deve ser ele o escolhido para marcar os penaltis - ainda não falhou nenhum na sua carreira.


Mesmo assim, ainda tivemos tempo para chegar à igualdade num golo à Capitão. Que infelizmente se lesionou (e a falta que nos faz!) aos 90' e nos deixou em inferioridade numérica para o prolongamento. Pior ainda que ficarmos com dez foi a composição da equipa que entretanto resultara das substituições:

Varela
Salvio, Almeida, Jardel e Zivkovic
Fejsa e Krovinovic
Raúl, Jonas e Seferovic

Pode-se dizer que o Rui Vitória arriscou demais, mas fez a terceira substituição (saída do Grimaldo para a entrada do Seferovic) aos 85' quando ainda perdíamos por 2-1 e buscávamos desesperadamente o empate. 

Se não fosse a lesão do Luisão, ficaríamos com uma equipa muito balanceada para a frente, é certo, mas com todas as condições para discutir o prolongamento. Assim, pagámos caro a ousadia (e o azar) e sofremos o terceiro num ressalto, logo no início do tempo extra. Ainda podíamos ter levado o jogo para os penaltis num excelente remate do Seferovic, mas o Cássio não deixou.

Em resumo, pela positiva: 
Notória evolução do processo ofensivo;
Atitude irrepreeensível de toda a equipa. 

Pela negativa:
Falhas de concentração e dificuldade em controlar o jogo;
Falta de eficácia na finalização.

Já sabemos que esta época não participaremos na festa do Jamor e não conquistaremos a nossa vigésima sétima Taça de Portugal. Resta-me dar os parabéns ao Rio Ave e desejar que, já agora, sejam eles a conquistá-la!


                             Ficha do jogo (aqui)
                            




segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

TRÊS PONTOS E PRONTO



Vitória justa e indiscutível do Benfica sobre o Estoril num jogo bastante entretido, com várias ocasiões de golo de parte a parte. Pessoalmente, gosto mais daqueles jogos aborrecidos em que ganhamos 2-0 e não damos oportunidades ao adversário. Mas pronto, o principal foi conseguido. 

Gostei de vários momentos do nosso jogo ofensivo. Bons contra-ataques que resultaram em golos (os dois primeiros) e boas combinações ofensivas protagonizadas pelo triângulo Grimaldo-Krovi-Cervi. Gostei também das exibições do Luisão e do André Almeida. Destaque ainda para as defesas do Varela a tirar golos ao Estoril. Entre os postes é tão bom quanto os melhores.

Não gostei da passividade defensiva de quase toda a equipa. Sem desprimor para o Estoril, que apesar do último lugar na tabela mostrou alguma qualidade, não podemos deixar que os adversários cheguem tantas vezes e com tanta facilidade à nossa área! No sistema actual, só o Jonas pode (e deve) ficar dispensado de pressionar e defender. Todos os outros têm de ser muito mais participativos no processo defensivo. Certamente há ajustes a fazer no comportamento colectivo em organização defensiva. É preciso não esquecer que este Benfica é um work in progress, com a inclusão de novos jogadores e a introdução do novo sistema táctico. Mas para além dos aspectos colectivos, o comportamento individual dos jogadores em acção defensiva também tem de melhorar. Temos de ganhar mais duelos e temos de ganhar mais sprints! Só é permitido descansar em cima de uma vantagem de três golos, dois não dá direito a descanso. Ganhámos e ganhámos bem, mas sofremos mais do que devíamos.

Segue-se agora uma prova difícil perante uma das equipas que melhor futebol pratica em Portugal. Quarta-feira em Vila do Conde teremos de nos apresentar uns furos acima do que fizemos no Sábado. É obrigatório ganhar, não só porque é um jogo a eliminar, mas também porque temos de encarrilar uma série de vitórias consecutivas. Vamos a isso!


                            Ficha do jogo (aqui)



quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

CONTER OS DANOS E CERRAR FILEIRAS




É a única coisa a fazer agora! Não podemos deixar que a desastrosa campanha europeia desta época contamine o objectivo PENTA, que está intacto. Não se trata de escamotear a verdade. As razões para este desaire devem ser analisadas internamente e tomadas as medidas necessárias para que não se repita. Na próxima época teremos de nos apresentar muito mais fortes logo desde o início, pois numa competição tão curta as primeiras jornadas são determinates. Precisamos de retomar o processo de convergência com a elite europeia. Temos de alimentar o sonho!

A meu ver, o objectivo mínimo do Benfica europeu deverá ser o apuramento na fase de grupos da Liga dos Campeões. Consolidar a presença no G16. A partir daí, há que reconhecê-lo, ficamos muito dependentes do que ditar o sorteio. Vimos de duas épocas consecutivas a atingir esse objectivo (feito inédito), incluindo uma honrosa participação nos Quartos-de-Final. Este ano não conseguimos os "mínimos olímpicos". Paciência. As seis derrotas em seis jogos são apenas um pormenor estatístico. O que nos matou foi a prestação nas duas primeiras jornadas (e o verdugo Malenco). O resto foi consequência.

Agora o que importa é limitar os danos. Isolar esta competição. Assumir que não estivemos à altura, mas impedir que o insucesso neste objectivo contamine os restantes. Rumar ao Penta!

Em relação ao jogo de ontem, sinceramente, não me apetece falar muito (ficha do jogo aqui). A competição já estava perdida e a motivação não podia ser mais baixa. Até eu, habitualmente entusiasta, fui à Luz só porque...jogava o Benfica. Percebo e concordo com a opção do míster em mudar quase toda a equipa. O que interessava era poupar os titulares dos próximos jogos. Não era ontem que íamos resgatar a nossa reputação na Liga dos Campeões. Será na próxima edição.

O problema de mudar tantos jogadores de uma assentada é que acabamos por ficar sem perceber se alguém soma créditos para os jogos seguintes. A falta de entrosamento colectivo não permite que ninguém se destaque pela positiva. Por exemplo, o João Carvalho. Noutro contexto, entrando apenas ele juntamente com os habituais titulares, podia mostrar o seu valor e justificar a permanência no plantel a partir de Janeiro. Assim, apesar de alguns pormenores técnicos de qualidade (ou não fosse ele um produto do Seixal), pareceu-me sempre inconsequente. Fica a dúvida. Dúvidas que já não tenho em relação a outros: Douglas e Gabriel são para devolver à procedência asap. O Lisandro, tenho pena, mas já não acredito que consiga melhorar. Quando um central insiste em sair da grande área a fintar os adversários que lhe aparecem pela frente...Ora, porra! 

Mas pronto, deixemos isso! Reforço a ideia:

Agora o que importa é limitar os danos. Isolar esta competição.  Assumir que não estivemos à altura, mas impedir que o insucesso neste objectivo contamine os restantes. Rumar ao Penta!

Limpar a cabeça e ganhar ao Estoril no Sábado. E depois ao Rio Ave na Taça de Portugal. E depois, novamente na Liga, ao Tondela. E finalmente ao Portimonense e ao Setúbal na Taça da Liga. Se assim fizermos, conseguiremos deitar para trás das costas o desaire europeu e entrar no Novo Ano com confiança renovada. Em perfeitas condições anímicas para o derby de 3 de Janeiro.

Claro que cabe essencialmente ao treinador e aos jogadores fazerem o que tem de ser feito para ganharmos o quinto campeonato consecutivo (sim, é disso que se trata: lutar pelo quinto campeonato consecutivo, é esta a nossa crise) e mais duas taças. Cabe-lhes essencialmente a eles. Os mesmos que nos trouxeram até aqui, convém não esquecer. Mas também nós, benfiquistas, temos uma palavra a dizer. Nos cafés, nas ruas, nas televisões e nas redes sociais, mas principalmente nos estádios. 

Como é? Vamos ficar a chorar sobre o leite derramado e a minar as nossas possibilidades? Ou vamos cerrar fileiras e lutar com todas as nossas forças para podermos cantar VITÓRIA no fim?










segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

A LEBRE E A TARTARUGA


O Porto já terá atingido o seu auge futebolístico esta época e o Benfica ainda está em crescendo. Esta é a ideia principal com que fico do Clássico da passada sexta-feira. E é uma ideia bastante animadora, tendo em conta que acabámos de entrar no segundo terço do campeonato e estamos apenas a três pontos do topo, já cumprida a deslocação mais difícil da prova. 

O empate não foi bom para nós, mas foi pior para eles. Não foi bom para nós porque continuamos atrás. Mas foi pior para eles, pois não conseguiram tirar partido do factor casa e alargar a distância. Além disso, deviam estar mesmo convencidos que iam ganhar e a frustração foi enorme - "tenho o balneário destroçado", admitiu o Sérgio "birras" Conceição, no final do jogo. O característico carrossel emocional do treinador do Porto será um factor a nosso favor na luta pelo Penta.

Quando "a melhor equipa do campeonato", segundo alguns, faz o melhor arranque das últimas décadas e não alcança mais do que três pontos de vantagem, mesmo depois de já ter recebido o rival e ter contado com a ajuda do árbitro, então ficamos com a noção de que o melhor está mesmo por vir. E o melhor, claro está, é este Benfica em evolução e em processo de consolidação de um novo sistema táctico. A lebre azul vive de correrias, muita força e muita pancada. A tartaruga encarnada procura o seu passo humilde e tenazmente. Esperemos que, tal como na fábula, a tartaruga celebre no fim!



O jogo
Entrámos bem e nos primeiros vinte a vinte e cinco minutos fomos claramente superiores. Ainda que sem criar grandes ocasiões, tivemos muitas chegadas à área portista e não os deixámos sair com perigo. A pouco e pouco, através de passes longos para o Marega, o Porto foi-se soltando da nossa pressão e conseguiu equilibrar a contenda até ao intervalo.
A segunda parte foi deles. Valeram-nos a enorme entrega dos nossos jogadores, a concentração defensiva (atenção, Grimaldo!), as defesas do Varela e a inaptidão técnica do Marega. O maliano tem muita força mas pouco engenho. Esse é um problema deles. O nosso é arranjarmos forma de tirar proveito do Jonas neste tipo de jogos. Ou então, optar por outra solução.

Tal como eu previra na antevisão do Clássico, passámos muito tempo longe da baliza adversária e sem conseguir ligar o jogo com o nosso ponta-de-lança. Neste contexto, não só não tiramos partido da qualidade diferenciada do Pistolas, como também não temos possibilidade de esticar o jogo na frente explorando as costas da defesa contrária. A segunda parte foi um sacrifício tremendo para o Jonas, isolado e entregue às brutalidades do Filipe vale-tudo, que continua a gozar de imunidade arbitral. Quem podia ter virado as coisas a nosso favor foi o Zivkovic, que voltou a entrar muito bem, mas infelizmente não beneficiou da mesma condescendência com que o Jorge Sousa tratou os jogadores do Porto e foi expulso após seis minutos em campo. Ainda tivemos uma excelente ocasião pelo Krovi, mas o José Sá saiu muito bem. 

Pronto, este já está na pasta dos arquivados. Estamos vivos e com razões para encararmos com optimismo o muito que falta para jogar até Maio!


Benfica - Basileia
Jogamos amanhã a última jornada da Liga dos Campeões que não nos deixará saudades. Se há ocasiões em que faz sentido preparar um jogo a pensar no seguinte, esta é uma delas. Se fosse eu, entrava para o jogo com os suíços com os jogadores que não farão parte do Onze de Sábado, com o Estoril.

                                     Ficha do jogo (aqui)



quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Não morreu nada!



Nunca te conheci pessoalmente mas hoje perdi um amigo
Foram mais de vinte concertos nos últimos trinta anos
A ouvir o teu rock e a sorrir com o teu sorriso
Não estou preparado para não te ver mais, ao vivo. Vivo!






quarta-feira, 29 de novembro de 2017

E agora, místeres? / Foi uma honra, Imperador!




Será que vamos apresentar no Dragão o sistema dos últimos jogos? Provavelmente sim. Então e se, num golpe de asa, o míster Rui Vitória surpreendesse o seu oponente e regressasse ao 4-4-2? Teria essa surpresa algum efeito? Fará muita diferença na preparação do jogo por parte do Porto assumir que o Benfica vai utilizar um ou outro sistema? 

E o Porto? Vai apresentar o 4-3-3 que tem utilizado perante os adversários mais fortes ou vai arrogar-se a superioridade conferida pela tabela classificativa e optar pelo 4-4-2?

Não me recordo da última vez em que houvesse dúvidas sobre os sistemas a apresentar por ambas as equipas. O Porto vem de muitos anos a utilizar o 4-3-3 e o Benfica o 4-4-2. Esta época, o Sérgio Conceição introduziu um arrojado 4-4-2 que deu bons resultados iniciais, mas que entretanto teve de corrigir nos jogos mais exigentes. Por sua vez, o Rui Vitória vem trabalhando o 4-3-3 nos últimos jogos. A verdade é que ambos os técnicos dispõem neste momento de dois sistemas credíveis e prontos-a-usar.

Especulemos, então. Começando pelo anfitrião, estou em crer que será utilizado o 4-3-3 com reforço do meio-campo e Marega pela direita:


O terceiro médio também poderá ser o André André, que até espuma quando vê o vermelho à frente, em vez do Sérgio Oliveira. Também poderá jogar o Maxi a lateral-direito e o Ricardo à sua frente em vez do Marega. Ou então, a opção pelo 4-4-2, procurando afirmar superioridade e correndo maior risco:




Curiosamente, sinto mais dificuldade em adivinhar o Onze do Benfica. Começando logo pela baliza: joga o Svilar ou o Varela? Eu prefiro o Svilar, mas também aceito que o míster mantenha o Varela. E na frente, será jogo para o Jonas? Tenho defendido que o 4-3-3 com o Jonas na frente é mais adequado para jogos em que assumimos a superioridade, com muita posse de bola no meio-campo adversário. Não creio que seja esse o contexto no Dragão. Por outro lado, não faz sentido tirarmos da equipa um avançado que leva dez jornadas consecutivas a marcar...Este seria um Onze sem surpresas, privilegiando a continuidade. Na esquerda, também pode jogar o Zivko ou o Diogo Gonçalves.



Parece-me importante não desfazer o triângulo central Fejsa-Pizzi-Krovi e não tirar o Jonas da equipa. 
Ao mesmo tempo, receio que seja uma missão de muito sacrifício para o Pistolas, a lutar sozinho contra os centrais e com muito campo à sua frente durante boa parte do tempo. Podemos fazer algo diferente, um sistema híbrido entre o 4-3-3 e o 4-4-2:



Aqui o Jonas teria a ajuda do Sefero, (mas também podia ser o Raúl) para criar a dúvida entre o lateral (Ricardo) e o central (Filipe), para explorar a profundidade, e para entrar na batalha aérea. Será que conseguimos fazer isto sem desguarnecer o flanco esquerdo?

Bom, este treinador de bancada deixa aqui algumas ideias e muitas dúvidas. Agora, têm a palavra os místeres!






Foi uma honra, Imperador!


O Benfica emprestou uma nova vida à carreira desportiva do Júlio César e ele retribuiu com o seu prestígio, experiência e qualidade. Ajudou-nos a ganhar mais oito troféus. Foi um exemplo dentro e fora das quatro linhas. Humilde na chegada e digno na partida. Um atleta que engrandeceu o enorme Benfica. Um senhor. Para nós, uma honra. Para ele, um orgulho. Muito obrigado e muito boa sorte, Imperador! 







                           
                             AVE, CÉSAR!


segunda-feira, 27 de novembro de 2017

QUARTA A FUNDO























Já temos experiência suficiente para não embandeirar em arco só por causa duma goleada sobre o Setúbal. Ainda para mais contra dez desde o final da primeira parte e frente a uma equipa/clube em convulsão. Mas lá que veio mesmo a calhar, lá isso veio!

Mais importante que a goleada foi termos alcançado a quarta vitória consecutiva na Liga e, sobretudo, esta ter permitido encurtar a distância para o primeiro lugar mercê do empate dos corruptos na Vila das Aves. Em apenas vinte e quatro horas assistimos a uma mudança de cenário na antecâmara do Clássico da próxima sexta-feira. Agora, é o Benfica que surge em crescendo e o Porto talvez menos confiante. O dia 1 de Dezembro poderá ser o da restauração...da nossa liderança. Seja como for, e este aspecto é muito importante, qualquer que seja o resultado no Dragão continuará tudo completamente em aberto.

Mas ainda teremos tempo para abordar o Porto-Benfica. Por agora, saboreemos estes seis chocos frritos com que presenteámos os sadinos.

- Dois golos na sequência de bola parada. O primeiro, logo aos 7', livre lateral cobrado pelo Pizzi e assistência do Jardel para o Luisão finalizar com o pé esquerdo. O Capitão já andava a rondar o golo há alguns jogos e mereceu este, até pela enorme exibição que viria a fazer.

- O segundo, aos 39' num canto marcado pelo Pizzi, assinala um registo fabuloso do Pistolas que chega aos 100 de águia ao peito. É obra!



- O terceiro, logo no início da segunda parte, premeia uma bela jogada pela direita, com assistência do Pizzi (mais uma) e frieza do Salvio na finalização.

- O quarto foi o segundo do Jonas mas devia ter sido o seu terceiro, pois marcara dois minutos antes após um fora-de-jogo muito mal assinalado ao Pizzi. Mas aos 66' valeu. Toque de cabeça do André Almeida dentro da área e excelente execução do Jonas num remate à meia volta.

- Aos 68' o quinto. O André Almeida não queria marcar, mas lá teve que ser...Tentou assistir o Pizzi, o defesa cortou mas devolveu-lhe a bola e o André encostou então ao primeiro poste.

- Para fechar a meia-dúzia ainda tivemos direito a mais um choco, agora com sabor a frango, servido pelo Cristiano a remate do Zivkovic, aos 87'. O Zivko que, diga-se, entrou em campo aos 60' e apareceu em excesso de velocidade, rebentando várias vezes com quem lhe aparecia pela frente no flanco esquerdo. A sua entrada correspondeu à saída do Grimaldo, baixando o Cervi para lateral esquerdo. Esta é uma opção que já tem sido utilizada algumas vezes em desespero de causa, mas não tem de ser necessariamente assim. O argentino, graças à sua entrega inexcedível, pode mesmo ser uma alternativa para esta posição.

Outras notas:

- É uma delícia ver o Krovinovic a jogar, não é? O toque de bola, a inteligência, a garra! A forma como dá sempre uma linha de passe simples ao colega portador da bola, a forma como a entrega sempre redondinha! Tudo indica que é um digno portador da camisa 20, um herdeiro à altura de Simão Sabrosa, Di Maria e Gaitán, ainda que num estilo mais próximo do Pablo "El Mago" Aimar. É uma delícia, não é?

- Será que o Pizzi voltou? Pelo menos, fez o seu melhor jogo da época até à data, oxalá assim continue. Talvez seja o principal beneficiário da presença do Krovi, pois agora as funções de construção e criação são divididas pelos dois. A propósito, não acham que é uma delícia ver o croata a jogar à bola?

- Quem era aquele extremo que apareceu a voar pelo flanco direito no final da primeira parte e até expulsou um adversário? A jogada parecia do Salvio mas este é mais alto e mais moreno. Ah, espera, era o Luisão!! Enorme Capitão!



- O Varela, apesar do pouco trabalho, esteve bem. Apreciei especialmente não ter largado aquela bola mesmo depois de ter sido carregado por um adversário.

- Pasito a pasito, o Jardel vai recuperando a forma, mas ainda não está lá.

Colectivamente, gostei de ver a pressão alta e consequente recuperação de muitas bolas no terço ofensivo. Gostei ainda mais de termos concedido pouquíssimas (uma?) ocasiões de perigo ao adversário. Com 2-0 ao intervalo e menos um jogador para o Setúbal, a segunda parte tornou-se quase um treino de organização ofensiva. Foi bom ver a equipa insaciável a atacar e sempre à procura de aumentar a contagem. Foi bom rever a equipa alegre, solta e confiante!

Mais um jogo em 4-3-3 com o Jonas na frente em que se comprova que este pode ser o plano A, pelo menos em jogos em que tenhamos muita posse de bola e muita presença no último terço.


                            ficha do jogo (aqui)




sábado, 25 de novembro de 2017

4-4-2 vs 4-3-3 (Jonas vs Krovinovic?)













Pela primeira vez em muitos anos no nosso Benfica este tema está em cima da mesa: qual será o melhor sistema táctico para esta época? O habitual e muito vencedor 4-1-3-2 ou o recentemente utilizado 4-3-3? 

Sendo um tópico muito interessante, não é este o principal quando se aborda o futebol praticado por uma equipa. Aliás, os treinadores não se cansam de repeti-lo, "mais importante que o sistema é o modelo de jogo." Ou seja, a definição do comportamento da equipa nos diversos momentos do jogo (organização defensiva, organização ofensiva, transição defesa/ataque, transição ataque/defesa e também as bolas paradas) sobrepõe-se à questão do sistema táctico a utilizar. Assim, é mais importante definir, entre outras coisas, se uma equipa constrói preferencialmente os seus ataques a partir de trás ou se joga directo na frente em busca da segunda bola. Se faz pressão alta e procura recuperar a bola no terço ofensivo ou se pratica a "andebolização" do futebol, recuando as suas linhas até ao terço defensivo. Estes e outros aspectos são mais determinantes na forma de jogar das equipas do que propriamente o sistema. De resto, diferentes sistemas podem ser utilizados num pré-determinado modelo de jogo.

Mas a questão premente agora é mesmo o sistema. Pelo menos desde 2009/2010 (o Quique jogava num 4-2-4 muito manhoso) que nos habituámos a jogar e ganhar com dois avançados-centro e dois médios-centro. Ganhámos cinco dos oito campeonatos a jogar assim. Os pontos acumulados na Europa permitiram-nos marcar presença regular no top 10 do ranking da UEFA, em duas finais da Liga Europa, uma meia-final (ninguém se lembra desta!) e em dois quartos-de final da Liga dos Campeões. 

Existe a ideia, creio que maioritariamente aceite, que o 4-4-2 nos torna mais fortes ofensivamente, pela presença de dois homens na área, mas porventura mais débeis defensivamente, pois os dois médios debatem-se na maior parte das vezes com três adversários na zona central. Mas não tem de ser necessariamente assim, tudo depende das dinâmicas e da entre-ajuda de todos os elementos.



O sistema ideal para o Jonas.



Relativamente ao 4-3-3, é comum ouvirmos que garante mais equilíbrio defensivo, mas torna-se mais fácil de anular ofensivamente. E no entanto, lá está, não tem de ser necessariamente assim, tudo depende das dinâmicas e da entre-ajuda de todos os elementos.


O sistema ideal para o Krovi?


Depois, há a questão dos treinadores, que se dividem em duas doutrinas. Eu diria, o "treinador do sistema" e o "treinador dos jogadores". O primeiro molda, adapta, força, compra os jogadores para encaixar no SEU sistema. O segundo parte das características dos melhores jogadores para escolher o melhor sistema. E há os híbridos, claro. Por exemplo, facilmente identifico uma equipa a jogar à Guardiola, mas tenho mais dificuldade em identificar uma equipa a jogar à Mourinho (a não ser pelo pragmatismo). E o nosso mister? Terá ele uma ideia fixa sobre o sistema a utilizar? Creio que não. Creio que será mais treinador para adaptar o sistema aos melhores jogadores.




É aqui que entra o busílis da questão! E agora não me resta outra solução senão partir de alguns postulados. Aceitemos que o Jonas (já provado) e o Krovinovic (ainda por provar, mas tenho forte convicção) são os melhores jogadores do nosso plantel. Aceitemos também que o sistema que mais favorece o Jonas, ou seja, que nos permite tirar mais rendimento das suas qualidades, é o nosso tradicional 4-1-3-2, jogando o Pistolas atrás do 9. Então precisamos que o Krovi consiga ser o 8 num meio-campo a dois. Terá ele essa capacidade? É que é muito diferente do que ser um de três.

Ideal para o Jonas, nem tanto para o Krovi?


Por outro lado, se quisermos construir a equipa a partir do Krovi, dando-lhe o conforto necessário para ele fazer aquilo que faz melhor, i.e., ligar todas as peças do xadrez (vide segundo golo com o Vit.Setúbal desde o início da jogada, em que ele troca a bola com sete colegas antes de finalizar), construir sem ter uma tremenda preocupação em defender, e ainda aparecer em zonas de finalização, então o sistema mais indicado será com três médios. O que implica deixarmos o Jonas "sozinho" na frente, com enorme desgaste e uma área imensa para percorrer. Sim, pode funcionar, mas acho que só em jogos em que tivermos muita posse de bola e passarmos muito tempo no meio-campo adversário.

Ideal para o Krovi, difícil para o Jonas


#Bom-senso mode off (saravá Bragatti!) 
Dá vontade de jogar com 12, não é? Podíamos aproveitar agora, que o clima é de paz e concórdia, para colocar essa petição à Liga.
#Bom-senso mode on

Há uma solução aritmética que permite jogar com estes dois craques na sua praia, o 3-5-2. Mas os custos de adaptação de toda a equipa a esse sistema parecem-me incomportáveis no contexto actual.

Resumindo e baralhando, temos aqui um belo dilema para apreciar e discutir. Ou então, diferentes soluções para diferentes problemas!

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

O MAL ESTAVA FEITO


O jogo de ontem foi apenas a confirmação de uma época desastrosa nas competições europeias. As duas derrotas iniciais já nos tinham condenado ao fracasso na Liga dos Campeões. As derrotas com o Manchester United eram previsíveis. Ontem, mais do que a improvável continuação na Europa, estava em causa a imagem da equipa que se apresentou neste grupo oriunda do pote 1. Lamentavelmente, esta voltou a sair danificada após mais um jogo muito fraquinho da nossa parte.

Agora é fácil falar, mas eu já tenho esta opinião há muito tempo. Este não era jogo para deixarmos o Jonas sozinho na frente. O 4-3-3 com o Jonas só faz sentido em jogos em que tenhamos muita posse de bola e passemos a maior parte do tempo instalados no meio-campo adversário. Caso contrário, o Jonas acaba por passar o tempo a "apanhar bonés" e a desgastar-se em correrias atrás dos defesas. Para isso temos lá o Raúl. Junte-se a este equívoco táctico mais um golo sofrido de forma irregular logo aos 13' e temos a descrença a apoderar-se da equipa, com todos os jogadores a jogarem claramente abaixo daquilo que sabemos que são capazes. Louve-se, ainda assim, a atitude do Salvio, o único que me pareceu empenhado em remar contra a maré.

Este ano não nos apresentámos no nível Champions e a Europa não nos perdoou. Pelo contrário, castigou-nos com golos esquisitos, auto-golos e arbitragens nefastas. Saímos com a reputação danificada e o ranking amachucado. Teremos de voltar bem mais fortes na próxima época para retomarmos o processo de convergência com a elite europeia.

Agora o que importa é limitar os danos. Agarrar com unhas e dentes a "vida que resta para além da Champions". Dar continuidade à melhoria verificada nos jogos anteriores. Valorizar a evolução da equipa que resultou da inclusão dos novos titulares; Svilar, Rúben e Krovinovic. Acredito que o croata será peça-chave no caminho do Penta. Talvez até seja por causa dele que passámos a jogar em 4-3-3, o sistema que mais favorece os seus notáveis atributos. Temos que consolidar o que temos feito de melhor e eliminar de vez a letargia que tantas vezes tem dominado a equipa. Temos qualidade que chegue! Há que evidenciá-la em campo, em todos os jogos!

Por mim, por nós, pelo Benfica, lá estarei novamente no Domingo a apoiar a equipa em busca da quarta vitória consecutiva no campeonato!

FORÇA BENFICA!!

(Miguel Costa, um benfiquista muito satisfeito com o que tem acontecido nos últimos anos e muito animado com o que vai acontecer nos próximos.)

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

INOVAR E GANHAR

























Trocámos um 9 por um 8 e saímos a ganhar! O sistema apresentado pelo mister em Guimarães foi uma inovação quase absoluta. Não foi a primeira vez que jogámos com três médios - este ano já o tínhamos feito nos dois jogos com o Manchester e com o Braga na Taça da Liga - mas foi a primeira vez com o Jonas como único avançado centro. (Se a memória não me falha, apenas tinha acontecido na Supertaça de 2015, o primeiro jogo oficial do Rui Vitória).

Como tudo na vida, esta opção tem vantagens e desvantagens. As primeiras foram evidentes na primeira parte e as segundas... na segunda. Gostei muito da nossa primeira parte. Tivemos muita posse de bola e criámos várias situações de perigo, beneficiando da mobilidade permanente do quinteto mais avançado. Nunca deixámos o Vitória pegar no jogo nem criar perigo. Fejsa, Krovinovic e Pizzi no centro. Diogo e Salvio nas alas. E o Jonas, em boa verdade, a fazer o mesmo tipo de movimentos que costuma fazer quando joga atrás do ponta-de-lança. Ora baixando para combinar com os médios, ora aparecendo nas alas arrastando a marcação. Por isso digo que trocámos um 9 (Seferovic) por um 8 (Krovinovic). 

No espaço deixado vazio pelo Pistolas apareciam à vez os extremos, o Krovinovic ou o Pizzi. As tarefas habitualmente desempenhadas por este no início de construção foram ontem divididas - e muito bem - pelo Krovi, entrando o transmontano mais vezes na segunda fase de construção, em zonas mais adiantadas. Resultou muito bem. Fizemos golo aos 22' numa jogada simples e bonita: passe longo (do Luisão?) para o André Almeida, tabela e abertura do Krovimodric de novo para o lateral e bom passe deste para o exímio Jonas encostar de pé esquerdo. 13 golos em 11 jogos na Liga. 9 consecutivos a marcar!

Ao contrário do que tem sucedido após abrirmos o marcador, continuámos no mesmo registo. Até ao intervalo os sinais de perigo continuaram a ser nossos, pelo Diogo e pelo Salvio. A segunda parte mostrou-nos a outra face deste sistema. Com menos posse de bola por causa da reacção dos vimaranenses, não conseguimos continuar a jogar em futebol apoiado. Foi então que sentimos falta da referência na frente para segurar ou esticar o jogo em momentos de aperto. Ao contrário do Raúl ou do Seferovic, o Jonas dificilmente consegue ganhar o confronto físico com os centrais e também não dá para explorar a profundidade.

Posições médias aos 54'.Fonte:Goalpoint
Este sistema pede muita posse de bola e muita mobilidade. Faltando o primeiro factor, o nosso único avançado tornou-se presa fácil. Conseguimos aguentar o ímpeto vitoriano, cedendo vários cantos até ao segundo golo, aos 76'. Krovinovic (dois passes para assistência), Jonas e grande trabalho do Samaris a aguentar uma carga e a finalizar com classe. Ganhámos capacidade de combate com a entrada do grego para o lugar do Pizzi (aos 64') e mantivemos a qualidade e o critério na construção pelo Krovinovic. Três minutos depois do segundo, tivemos direito ao golo do descanso marcado pelo Salvio, após passe do Diogo Gonçalves. O Toto foi sempre um quebra-cabeças para os adversários e mereceu o golo pelo muito que lutou, ainda que nem sempre tenha tomado a melhor decisão. E que belo golo, um chapéu curto telecomandado para a baliza!


Uma intercepção infeliz do Cervi e um remate do Rafel Martins entre as pernas do Luisão não permitiram que o Svilar mantivesse a baliza a zeros, e aos 86' sofremos o 3-1. O Svilar teve várias boas intervenções e uma saída precipitada que lhe valeu um amarelo.

A precipitação na saída vai acontecer mais vezes, é o preço a pagar por termos um guarda-redes que dá um enorme respaldo à defesa e lhe permite o adiantamento. Com o tempo, vai melhorar a leitura dos lances e a decisão sobre a saída; que aprenda rapidamente e erre apenas uma vez em cada cinquenta ou em cada cem.



O árbitro ainda teve tempo para ver um penalti do André Almeida, felizmente não convertido, depois de não ter assinalado um sobre o Salvio. Isto para além do fora-de-jogo mal assinalado ao Jonas na cara do GR. 

Boa atitude, boa exibição e terceira vitória consecutiva na Liga! Podíamos ter ganho mais pontos aos rivais se os árbitros não tivessem voltado a ajudá-los. Mas isto vai-se compor! 


                               ficha do jogo (aqui)