via Coluna d'Águias Gloriosas |
Conforme esperado num grupo tão equilibrado só na última jornada será definido o apuramento para os oitavos-de-final da Champions. Neste momento apenas o Dinamo de Kiev tem o seu destino traçado - abandonar a Europa.
O Benfica tem a vantagem de disputar em casa o jogo decisivo e só depender de si. Em caso de vitória garantimos a passagem, em caso de empate ou derrota precisamos que o Besiktas não ganhe na Ucrânia. Numa perspectiva global, e se fizermos um flash-back para o momento do sorteio, esta era uma situação perfeitamente expectável.
Mas é inegável a frustração que sentimos por não termos conseguido arrumar esta questão no jogo de ontem em Istambul. O mérito da nossa exibição arrasadora da primeira parte foi anulado pelo demérito das falhas cometidas na segunda.
A nossa abordagem inicial foi esmagadora e surpreendente para os turcos, que ao minuto 31 já perdiam por três zero. Num carrossel estonteante com vagas sucessivas de ataques perigosos fizemos golos para todos os gostos. O Piloto Automático funcionava em pleno. Individualmente, o destaque vai para o Salvio, com três assistências incluindo uma em que utilizou o poste da baliza adversária para tabelar com o Fejsa...
Ao intervalo colocava-se a questão: devemos recuar linhas e jogar em contra-ataque ou devemos manter a toada de pressão alta e ataque continuado? A resposta foi... "nim". Ainda fizemos uns primeiros dez minutos a bom nível, mas depois a equipa pareceu mais desligada, aumentou a distância entre linhas e perdeu capacidade de ganhar duelos e segundas bolas. O golo em fora-de-jogo do Besiktas aos 58 minutos provocou mais dúvidas em relação à estratégia a seguir e notou-se aí uma quebra anímica e física dos nossos jogadores.
Colectivamente não soubemos gerir o jogo e como tal há que assacar responsabilidades ao mister. A saída do Cervi, quando o Salvio já tinha estourado e não defendia, para a entrada do Rafa não fez sentido. A entrada do Samaris teoricamente justificava-se mas na prática não resultou. A entrada do Raul peca por tardia.
Era necessário estancar o corredor esquerdo dos turcos, impedir tantas situações defensivas de um contra um e acima de tudo, era fundamental garantir mais posse de bola, mesmo que esta fosse inconsequente em termos de criação de perigo para as redes contrárias. Este é um aspecto do nosso jogo que temos de melhorar - defender com bola.
Para piorar as coisas, o nosso Iceman tem duas abordagens desastrosas em lances perfeitamente controláveis que originam mais dois golos sofridos.
Estivemos à beira de impor uma goleada histórica, terminamos com um empate que sabe a derrota. Caberá obviamente a Rui Vitória e à sua equipa técnica esmiuçar as razões deste desfecho e tomar medidas para evitar que tal se repita. Na minha análise, identifico dois aspectos a melhorar:
- Gestão do desgaste físico ao longo dos noventa minutos
É importante entrar forte e remeter o adversário para o seu reduto como costumamos fazer na nossa Liga, mas é preciso perceber que jogos de alta intensidade com adversários mais fortes dificilmente ficam decididos nos primeiros 45 ou 60 minutos. Nestes casos tem de haver uma preocupação em garantir que a energia seja despendida de forma mais uniforme ao longo do jogo.
- Defender com bola
Estamos habituados a ver e pensar o futebol em dois modos distintos, simplificadores. Jogar à defesa ou jogar ao ataque. No entanto há situações em que é necessário proteger um resultado favorável sem que isso implique baixar o bloco e dar a iniciativa ao adversário, expondo em demasia a nossa extrema defesa. Trata-se de controlar o jogo através da posse de bola, sem a vertigem do ataque rápido. É garantir a posse pela posse, sem correr grandes riscos na transição defensiva, tirando o "oxigénio" ao adversário (para utilizar uma expressão muitas vezes referida por Rui Vitória).
Agora é fazer reset e apontar baterias ao Moreirense!
Besiktas 3 - Benfica 3
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