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Se todas as batalhas da

"SE TODAS AS BATALHAS DA HUMANIDADE SE TRAVASSEM APENAS NOS CAMPOS DE FUTEBOL, QUÃO BELAS SERIAM AS GUERRAS!" (Augusto Branco)

domingo, 24 de julho de 2016

TORINO, CLUBE IRMÃO






Nos anos quarenta do século XX não havia competições europeias oficiais entre os clubes de futebol.

A aferição de valor entre a elite do futebol europeu fazia-se então nos confrontos pontuais que eram organizados particularmente entre as melhores equipas do Velho Continente.

A equipa do Torino FC era unanimemente considerada a melhor do mundo quando, em Maio de 1949, se disponibilizou para vir a Lisboa defrontar o Benfica num jogo de homenagem (não de despedida) ao capitão Francisco Ferreira.



















Il Grande Torino, campeão italiano em 1943, 1946, 1947, 1948 e 1949 
(em 44 e 45 não se realizaram campeonatos nos moldes habituais, devido à II Guerra Mundial)

O Torino contribuía habitualmente com nada menos que oito jogadores para a selecção de Itália, e chegou a fornecer dez para o onze titular. Note-se que a Squadra Azzurra era bicampeã do Mundo em título (vencera em 1934 e 1938, ainda sem estes jogadores). 

Segundo rezam as crónicas, os Granata praticavam um futebol atraente e ofensivo, num inovador esquema 3-2-2-3.








Capitão e melhor jogador da equipa, Valentino Mazzola era um médio-ofensivo muito completo, construtor e finalizador.






                                                                                                                        

Mazzola é considerado pelos que o viram actuar o jogador mais completo de sempre. "O Valentino é metade da equipa, a outra metade somos nós todos" terá dito Rigamonti, seu colega. 
Venceu os cinco campeonatos que disputou ao serviço de Il Toro e uma Taça de Itália marcando 82 golos em 136 jogos. 

(Em cima e à direita, junto do filho Sandro Mazzola, craque do Inter nos anos 60)




Em Fevereiro de 1949, por ocasião de um Itália-Portugal (4-1), ficou acordada a participação do Torino num jogo de homenagem que o Benfica entendeu fazer ao seu capitão, Francisco Ferreira.


Itália - Portugal (4-1), em Fevereiro de 1949, no Luigi Ferraris, em Génova




Francisco Ferreira, "o perfeito capitão", realizou 445 jogos de águia ao peito marcando 35 golos, em 14 épocas.

Formado no F.C. Porto, foi contratado pelo Benfica em 1938/39. Assumiu a braçadeira em 1943 e manteve-a até à sua despedida em 1951/52.

Foi 25 vezes internacional e capitão da Selecção Nacional a partir de 1947.

Médio-esquerdo, forte fisicamente, era um lutador inteligente que galvanizava a equipa.



O JOGO


Chegada dos italianos a Lisboa, em 2 de Maio de 1949



















Trouxeram os seus melhores. A julgar pelo resultado, 4-3 para o Benfica, terá sido um jogo bravamente disputado.

O Estádio Nacional, palco do encontro (a Luz só seria inaugurada em 1954) rebentava pelas costuras, tal a paixão que Il Grande Torino despertava entre os amantes de futebol em todo o mundo.

Os capitães Ferreira e Mazzola trocam galhardetes



TORINO - De pé e da esquerda para a direita: Lievesley (treinador), Castigliano, Ballarin, 
Rigamonti, Lloik, Mazzola, Bacigalupo e Egri Erbstein (director técnico). Agachados:
Martelli, Menti, Grezar, Gabetto e Ossola. (via serbenfiquista.com)





















BENFICA - De pé e da esquerda para a direita: Jacinto, Moreira, Fernandes, Félix, Francisco
Ferreira, massagista, Rogério Contreiras. Agachados: Corona, Arsénio, Espírito
Santo, Melão e Rogério Pipi. (via serbenfiquista.com)
























Imagem do último jogo do Grande Torino, em 3 de Maio de 1949. Após o pentacampeonato conquistado nesta época, os granata só voltariam a ser campeões de Itália em 1975/76.


Após o jogo decorreu um jantar-convívio entre jogadores e elementos de ambos os clubes



A TRAGÉDIA

No fatídico dia 4 de Maio de 1949, o avião que transportava a melhor equipa do mundo embate numa colina, já perto de Turim, junto à basílica de Superga. Morreram as 31 pessoas a bordo.































No Museu Cosme Damião, podemos ver um destroço deste avião

























Coube ao mítico treinador Vitorio Pozzo, a penosa tarefa de identificar os corpos.






"O que aconteceu aos meus heróis?!" - parece indagar o garoto






No dia seguinte, os jornais deram conhecimento da tragédia e o impacto foi imediato. Milhares de benfiquistas consternados acorreram à Embaixada de Itália em Lisboa, como forma de mostrarem a sua solidariedade com a dor do povo italiano.






















Milhares de Benfiquistas junto à Embaixada de Itália, no dia seguinte ao acidente































“Para os jogadores foi uma coisa que ficou gravada na memória. Foi uma tristeza absoluta, uma tristeza daquelas grandes como se morresse um pai, uma mãe ou um filho”. Referiu Rogério Pipi, um dos goleadores no jogo de dia 3.


Em Turim, os funerais tiveram a presença de mais de meio milhão de pessoas...








...para prestar homenagem aos que caíram em Superga




Faltavam cumprir quatro jornadas para terminar o campeonato italiano de 1948/49. O Torino apresentou-se com os júniores. Os seus adversários também. 


Ainda nesse mês de Maio, o colosso sul-americano River Plate deslocou-se a Itália para participar num jogo de solidariedade cujas receitas reverteram para as famílias das vítimas.
La Maquina (termo por que era conhecido o River) defrontou um misto de grandes jogadores mundiais que simbolizaram a equipa do Torino, entre eles Di Stefano.




Em 1964, o Grande Benfica foi a Turim assinalar o 15º aniversário da tragédia de Superga.

"O Benfica num gesto de gentileza, em 6 de Maio de 1964, colocou a equipa à disposição dos dirigentes do Torino FC para assinalar os 15 anos da tragédia, homenageando em Turim, o Grande Torino, com um confronto entre os dois emblemas. E assim foi. Eusébio marcou dois golos (...)" in Em Defesa do Benfica (blog).



Mais tarde, ainda nos anos 60, nova deslocação a Turim. O Monstro Sagrado deposita uma coroa de flores no memorial de Superga, acompanhado por José Torres, José Augusto, Eusébio e o Presidente Adolfo Vieira de Brito.


Ao longo dos últimos anos têm sido frequentes as homenagens prestadas pelo Benfica ao Grande Torino e fortaleceu-se o laço sentimental entre os dois Clubes e os seus adeptos.

Lisboa não esquece. Honra ao Grande Torino


O agradecimento dos tiffosi


Adeptos do Benfica e do Torino, em Turim


Na próxima quarta-feira há muitas razões para enchermos a Luz! 
Honrar o Grande Torino e a História do Futebol!
Honrar o nosso Rei Eusébio!
Saudar os Tricampeões e dar as boas-vindas às novas contratações!









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